terça-feira, 22 de março de 2011

NOSTALGIA...

Com a guitarra no colo e mordendo uma velha palheta, me recordo dos tempos em que a única preocupação que tínhamos era tirarmos as músicas da maneira mais impecável possível. Todas as nossas reuniões na casa do baterista “Kepper” eram acontecimentos únicos que só depois de anos pude perceber o quão raros e especiais eram. Retratos de uma época em que os deuses eram meros aprendizes ao nosso lado. Os cabelos longos, sujos e despenteados, expressavam a nossa contraversão frente a exigência do mundo ao que diz respeito a ser uma bom samaritano.
As roupas pretas, as calças apertadas, os coturnos maltrapilhos, as “paçocadas”, as zueiras depois de um ensaio cansativo, as vezes exageradamente proveitoso a ponto de querermos sair da casa do baterista e tocar na primeira casa de show ou pocilga que pintasse pela frente, as vezes sem ritmo e com muitos erros de acordes, mas que logo eram compensados pelas risadas descontraídas, que instantaneamente nos reavivavam a vontade de seguir em frente com nossos sonhos. Podiamos não ser os melhores músicos, os mais populares da escola (apenas de sermos conhecidos e reconhecidos pela maioria), ou os mais belos, mas tinham uma única certeza, éramos amigos, irmãos, aliados,companheiros, um verdadeiro clã.
Lembro-me bem dos rituais que fazíamos em todas as apresentações no evento que chamávamos de “Keeper’s House” que para mim era o mesmo que tocar no Woodstock. Tinhamos nosso camarim improvisado na casa da avó do baterista, onde fazíamos um ritual regado a esfiha, coca cola, vinho e piadas do nosso excelentíssimo e sempre cômico Bira, na intenção de amenizar a tensão de todos (e a dele próprio).
Tocavamos para uma platéia de amigos que sempre estavam presentes em todas as apresentações que fiziamos e que conheciam de cor e saltiado o nosso repertório e a ordem das músicas. Pedindo biz em todo final de apresentações no qual tínhamos o imenso prazer de contentá-los com a nossa energia, simpatia e muito rock’n roll, tocado com a inocência de jovens aventureiros, peregrinando pela trilha de uma vida perfeita.
Leiam meus amigos, esses parágrafos nostálgicos, e lembrem-se que fomos reis de outrora, brandindo nossas armas de acordes, sendo fiéis ao mesmo objetivo em comum. “Defender o reino de Quimera’s Corp - atual Musrocker”.

Texto escrito por Silvio lélis, ex-guitarrista da banda,sempre amigo.

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